Pastoral

18 de outubro de 2009

O Homem de Branco

Bem me recordo do impacto que causou, não faz muito tempo, a notícia de que no Rio de Janeiro foram descobertos dois médicos falsos que trabalhavam em hospitais públicos.

Agora, imagine você de repente sentindo uma estranha dor no peito. Espera passar, mas não passa. O jeito é encarar o homem de branco. Detrás da mesinha, o homem de branco faz perguntas, solicita exames e manda que você retorne algum tempo depois. Você retorna, ele põe o braço amigo no seu ombro e diz: - Olha, meu caro, não quero de jeito nenhum te assustar, mas acho que vamos ter que operar o seu coração!

Gelado, você talvez ainda consiga balbuciar: - Ah, essa não!!! Era só o que me faltava!

E quando você sai dali, abatido e desanimado com a terrível notícia, sente que alguém lhe dá um tapinha nas costas e o tranquiliza: - Liga não, bobo. Aquele é um médico falso. Ele é, na verdade, um alfaiate, mas está fingindo que é médico.

Confuso, mas estranhamente aliviado, você deixa passar o susto e vai a outro médico. Mas agora você olha bastante desconfiado da brancura que vê diante de você. Será um médico de verdade ou de mentira? É mais um alfaiate? Ou será um açougueiro? Será que o diagnóstico que ele fizer de minha doença é confiável ou não? Posso sem medo depositar minha vida nas mãos dessa pessoa?

Percebeu qual é o problema do comportamento falso? É que, além de pôr em risco a vida das pessoas, no caso de um médico, tem-se ainda o agravante de minar a confiança. Por causa de um, você começa a desconfiar de todos, como se todos os médicos do mundo não passassem de alfaiates disfarçados.

Paulo escreveu: "...somos embaixadores em nome de Cristo..." (2Co 5.20). Nessa condição, representamos a glória divina neste mundo. A cada passo que dermos, estaremos transmitindo aos outros uma imagem do que é ser cristão. Pergunto: Somos verdadeiros ou falsos crentes? Será que os outros podem confiar em Cristo a partir do que veem nos cristãos?

Pr. João Soares da Fonseca
jsfonseca@pibrj.org.br