PASTORAL

Pastoral
15 fevereiro de 2009)
Deixem a Universal em Paz
Domingo, 1 de fevereiro. Abro um dos maiores jornais do País e lá encontro duas páginas inteiras de reportagem sobre e contra a Igreja Universal. Fala (mal) da expansão da igreja, do apelo ao dízimo, do "tirar o Diabo do corpo", etc. Nada que já não saibamos desde o Pleistoceno. Inclusive inclui fotos amarelecidas, como a de um bispo chutando uma imagem e a dos pastores carregando dinheiro às costas no Maracanã.
Alguns poderiam estranhar que um pastor batista escrevesse algo em defesa da referida Igreja. Até porque, se há um pastor batista que tem plena convicção de sua opção confessional, esse sou eu. Sequer tenho paciência para ouvir o ramerrão da teologia da prosperidade que essa Igreja proclama. Como também repilo a metodologia de se recolher o dízimo contra promessas de cura, libertação e sucesso financeiro. O dízimo é, sim, o plano com que Deus quis que sua obra fosse mantida. Sou sustentado pelos dízimos e não me envergonho disso, porque é o plano de Deus (Nm 18.21; Ne 10.37; 13.5; Ml 3.10; Mt 10.9-10; 1Co 9; 1Tm 5.17-18). Isto é uma coisa. Mas fazer o que a mídia em geral faz com essa Igreja é outra diferente. Toda semana um banco liga para mim, oferecendo-me seus produtos. Há algo de errado nisso? O banco é livre para oferecer, e eu sou livre para rejeitar. De quando em vez, recebo ligação também de uma instituição de caridade, de cuja doutrina aliás discordo, solicitando ajuda. Nenhuma reportagem sobre isso. Esse tratamento desigual que a imprensa dá aos temas religiosos é que nos devia preocupar. A Universal promove o seu "produto", promete, pede... ela é livre para isso. E as pessoas são igualmente livres para doar ou não. Se uma igreja ou líder comete algum ilícito - seja assassinato, sonegação de impostos ou... pedofilia - a Justiça está aí para isso. Quando a imprensa se junta à turba para linchar quem quer que seja começa a perder o que lhe é mais caro: a credibilidade.
Pr. João Soares da Fonseca
jsfonseca@pibrj.org.br