22 de Agosto
ENTRISTECIDOS, MAIS SEMPRE ALEGRES.
(2 Co 6.10)
A Tristeza era bela, mas sua beleza era como a beleza do luar, quando passa através dos ramos das árvores na mata e forma pequenas poças de prata pelo chão.
Quando a Tristeza cantava, suas notas soavam como o doce e suave gorjeios do rouxinol, em seus olhos havia aquele ar de quem cessou de esperar pela vida de alegria. Ela sabia, compadecidamente, chorar com os que choram; mas alegrar-se com os que se alegram era-lhe desconhecido.
A Alegria era linda também, e a sua beleza era como a beleza radiante de uma manhã de verão. Seus olhos ainda traziam o riso alegre da meninice, e em seus cabelos pousava o brilho do sol. Quando a alegria cantava, sua voz se lançava aos ares como a da cotovia, e seus passos eram como os passos do vencedor que jamais conheceu derrota. Ela podia alegrar-se com os que se alegram, mas chorar com os que choram era-lhe desconhecido.
“Nós nunca podemos estar unidas”, disse a Tristeza pensativa.
“Não, nunca.” E os olhos da Alegria ficaram sérios, quando respondeu. “O meu caminho atravessa campos ensolarados; as roseiras mais lindas florescem quando eu passo, para que as colha, e os melros e tortos esperam minha passagem, para derramar seus mais alegres trinados.”
“O meu caminho”, disse a Tristeza afastando-se vagarosamente, “atravessa a mata sombria; minhas mãos só podem encher-se das flores noturnas. Contudo, toda beleza e valor que a noite encerra me pertencem! Adeus Alegria, adeus.”
Quando ela acabou de falar, ambas tiveram consciência de uma presença próxima; indistinta, mas com um aspecto de realeza. E uma atmosfera de reverência e santidade as fez ajoelharem-se perante Ele.
“Eu O vejo como Rei da alegria”, murmurou a Tristeza, “pois sobre a Sua cabeça estão muitas coroas, e as marcas das Suas mãos e pés são sinais de uma grande vitória. Diante dEle toda a minha tristeza está-se transformando em amor e alegria imortais, e eu me dou a Ele para sempre.”
“Não, Tristeza”, sussurrou a Alegria, “eu o vejo como Rei da sua dor; Sua coroa é de espinhos, e as marcas de Suas mãos e pés são marcas de uma grande agonia. Eu também me dou a Ele para sempre, pois a tristeza com Ele deve ser muito mais doce do que qualquer alegria que eu conheço.”
“Então, nEle, nós somos uma”, exclamou com júbilo; “pois somente Ele poderia unir a Alegria e Tristeza.”
De mãos dadas, saíram elas para o mundo, para segui-Lo na tempestade e na bonança, na desolação do inverno e na alegria do verão, “entristecidos, mas sempre alegres”.
O servo do Senhor,
Embora entristecido
Pelas coisas que oprimem
E a batalha cerrada
(Porque os dias são maus.
E os tempos, trabalhosos!).
Conhece uma alegria
E uma paz interior
Que o mundo não conhece,
E que ninguém lhe tira:?
O gozo e a paz de Deus!
Extraído do devocional Mananciais no Deserto
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