10 Agosto
Milagre na Rua Silva Xavier
A família dorme placidamente no silêncio da madrugada. De repente, como quem é despertado por um anjo invisível, o pai salta do leito e consulta o relógio: passam das três da manhã. Em seguida, dirige-se à cama onde deve estar dormindo o filho caçula. Mas o caçula não está, nem está dormindo. O susto do leito vazio empurra o pai para a prece. Era como se o impulso de orar teimasse dentro de sua preocupação. E ele cede. Ajoelha-se ali e conversa longo tempo com o Pai sobre o filho.
Nessa mesma hora, não muito longe dali, o filho caçula vem caminhando por um deserto chamado então Avenida Suburbana. Cansado, traz no peito a desilusão com os enfeites e fulgurações da noite. Se a cidade já é violenta com o sol a pino, quanto mais de madrugada! O rapaz dobra a esquina e segue pela rua Silva Xavier.
De súbito, um carro diminui a velocidade e se põe lado a lado com ele. Tão perto, que ele consegue entreouvir a discussão que se trava entre aqueles homens armados até os dentes:
- É ele!
- Não é!
- É, sim! Vai, queima logo, queima logo!
- Não é, eu já disse! Vocês vão matar o homem errado!
Esta última afirmação - feita pelo motorista do bando - é seguida de uma arrancada, queimando pneu.
O solitário pedestre da rua Silva Xavier escapou por um triz. Por um milagre. Susto e felicidade se revezam dentro do rapaz, enquanto as armas desaparecem desesperadas na noite da Abolição.
Severino Passos sempre soube do poder da oração. Mas, em 1999, quando Marcos lhe contou o aperto que passara nessa noite, Severino, então membro da Primeira Igreja Batista de Cascadura, descobriu que a oração dos pais pode muito em seus efeitos a favor dos filhos.
Feliz é o filho que tem um pai sempre orando por ele. Às três da tarde ou às três da manhã!
Pr. João Soares da Fonseca
jsfonseca@pibrj.org.br
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