Pastoral
(Domingo, 13 de abril de 2008)
O Preço do Cântaro
Existe um antigo mas excelente comentário bíblico, escrito por um teólogo metodista inglês, chamado Adam Clarke (1760 ou 1762-1832). A produção dessa obra gigantesca exigiu de Clarke nada menos que 40 anos de trabalho.
Pois esse Adam Clarke estava certa vez pregando numa grande igreja na Irlanda. O culto ia bem, e ele pregou sobre a gratuidade do evangelho; que a água da vida, insistia, era oferecida graciosamente "sem dinheiro e sem preço", como se lê em Isaías 55.1.
Quando acabou de pregar, o dirigente do culto anunciou que naquele instante seria levantada uma oferta para o sustento da obra missionária em outras terras.
O anúncio era de todo pertinente, mas dito assim, logo depois da mensagem, parecia, de certo modo, enfraquecer o que o pregador tanto enfatizara no sermão: "sem dinheiro e sem preço".
Ao chegar a casa onde estava hospedado, Clarke comentou com a sua anfitriã que ele se sentira constrangido com o anúncio feito logo depois da mensagem. Mas ela teve uma resposta interessante. Disse ela:
- Tudo bem, pastor, a água da vida é de graça, justamente como o irmão disse: "sem dinheiro e sem preço"; mas nós temos que pagar pelos cântaros em que ela é transportada.
Se você encontrar algum pregador vendendo a salvação, evite-o. Os dízimos e as ofertas, na igreja de Cristo, não se destinam ao pagamento da salvação, nem à compra de favores espirituais. As bênçãos de Deus não estão numa vitrine de onde poderíamos retirá-las com os nossos dízimos. Deus não vende suas bênçãos; Ele no-las dá. Os dízimos e as ofertas são apenas para o sustento da obra do Senhor. As igrejas evangélicas não pedem dinheiro por telefone, não auferem dinheiro público e não são ajudadas por organizações extra-eclesiásticas.
Não haja dúvida: a água da vida é de graça, mas para levá-la aos outros, precisamos de cântaros. E cântaro custa dinheiro. Prossigamos investindo na obra do Senhor!
Pastor João Soares da Fonseca
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