24 Março
Pastoral
De Domingo,
A Virada
O matemático francês Augusto Comte estava, certa vez, conversando com o escritor escocês Thomas Carlyle. Comte declarou que iria começar uma nova religião que, em pouco tempo, suplantaria a fé cristã. Não teria mistérios e seria tão simples como a tabuada; o nome seria positivismo. "Muito bom, Sr. Comte", respondeu Carlyle, "muito bom. Basta que o senhor fale como nenhum outro homem falou, viva como nenhum outro homem viveu, seja crucificado, e ressuscite três dias depois. Então a sua religião terá chance".
Celebrar a ressurreição de Jesus é acentuar aquilo que o cristianismo tem de mais original e extraordinário. Forjar filosofias e propagá-las não deve ser tão difícil. Inventar igrejas também não deve ser complicado. Mas o problema é outro: é acender a chama da esperança eterna e mantê-la acesa no coração das pessoas. Alguém já disse que o maior argumento em favor da ressurreição não foi tanto o túmulo vazio, mas sim o ânimo de que os apóstolos foram tomados depois de verem o Senhor ressurreto. No fim da sexta-feira, eles deviam estar se sentindo derrotados, infelizes, confusos, cabisbaixos. Mas no domingo, o cenário foi posto de cabeça para baixo. A visão de Jesus ressuscitado incendiou-lhes o coração. Se antes pareciam cordeiros covardes, agora lembram leões ousados.
Aconteceu com os dois discípulos em viagem para Emaús (Lc 24.13-33). Levavam na bagagem a melancolia de ver seus sonhos despedaçados. A desilusão dava o tom da conversa entre eles. Jesus se juntou a eles e ouviu-lhes toda a frustração. Só no fim do relato é que eles descobriram com quem estiveram falando. Sabendo-o vivo, voltaram a Jerusalém com outro ânimo. A ressurreição de Jesus ressuscitou também o entusiasmo deles e lhes deu outra e melhor disposição. Você está desanimado? Olhe para o Cristo ressurreto, vencedor da morte. Ele pode lhe dar a vitória também.
Pastor João Soares da Fonseca
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