segunda-feira, 12 de maio de 2008

O RESTAURANTE FAMOSO

11 Maio

Pastoral

O Restaurante Famoso

Chama-se "Moonlite" e fica na pacata cidade de Owensboro, no Kentucky. A cidade é pequena, mas o restaurante é a grande estrela da região. Vai gente de longe comer lá. A fila é imensa, seja qual for o dia da semana. A primeira vez que lá estive, nem percebi que comi tanto. Era um bifê, tipo comida a quilo, mas sem a balança. Comi tanto, que depois me senti pesado, até com mal-estar. O mesmo aconteceu com a Peggy e com a irmã dela. Da última vez que aí fomos, já havíamos aprendido a lição e decidimos que não íamos cair nessa tentação de novo. Comemos menos, bem menos, como pessoas normais.

Uma pergunta me assediava enquanto esperava o garçom trazer o meu pedido: por que um restaurante se torna tão famoso numa cidade tão pacata? Por que tanta fila diante de um prédio de simplicidade desconcertante, de luxo nenhum? O chão é forrado com um carpete modesto, já bem pisado, batido e desbotado. Corri os olhos pelas paredes: a pobreza da decoração é visível. O teto, as mesas, as toalhas, as cadeiras... tudo muito, muito simples.

Mas a comida... Ah, a comida! Deve ser assim o tal manjar dos deuses de que falam os poetas.

Não, um restaurante não precisa ter luxo, precisa ter comida boa. Nem estar localizado num prédio suntuoso, não precisa ser um primor de decoração. Precisa ter, isso sim, comida gostosa.

Com os pensamentos veio, de sobremesa, uma lição: pensei em igrejas de belas paredes, decoradas com arte e requinte, plenas de conforto, que oferecem tantas atrações, menos o principal: comida para a alma. Em 1942, isso já angustiava o poeta argentino Frederico Pagura, que escreveu:

"Senhor, que é nosso templo,

se não estás presente?/

Que valem as paredes e os vidros a brilhar?

E de que vale o coro e o órgão tão potente

se tua eterna glória aqui não habitar?" (HCC-508).

Às vezes, um restaurante não dá só o que comer, também o que pensar.

Pastor João Soares da Fonseca

jsfonseca@pibrj.org.br

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